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Pesquisa revela principais desafios enfrentados por radiologistas na saúde pública e privada

A interferência das operadoras de planos de saúde na autonomia dos médicos e a falta de valorização dos profissionais no âmbito da rede pública de assistência são duas das principais conclusões de estudo conduzido pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR). O trabalho será lançado durante o 54º Congresso nacional da especialidade, que acontece de 18 a 20 de setembro, em Curitiba (PR).

A pesquisa, quantitativa, ouviu médicos radiologistas com diferentes tempos de formação e de diversas regiões brasileiras. As queixas mais comuns confirmam o impacto de determinadas situações na atuação médica tanto no Sistema Único de Saúde (SUS) quanto no conjunto de planos de saúde. Em ambos os segmentos, um apontamento comum é a percepção de desvalorização profissional que se manifesta de diferentes formas.

Autonomia médica – Na saúde suplementar, os médicos radiologistas apontam a interferência das operadoras de planos de saúde na autonomia médica. Dos 358 respondentes, 67,8% perceberam interferência frequente ou constante dos planos. Esse ato se manifesta de três formas práticas recorrentes adotadas pelas operadoras.

A mais citada foi a restrição ao número de exames ou procedimentos autorizados, mencionada por 60,6% dos respondentes. Em seguida, 54,5% dos médicos relataram a prática de glosar (recusar) procedimentos que já haviam sido previamente autorizados. Por fim, 49,4% indicaram que já enfrentaram glosas de procedimentos ou medidas terapêuticas indicadas.

Gerenciamento – Já no SUS, os médicos radiologistas listaram os desafios críticos do atendimento na rede pública. Dos respondentes, 50,4% destacaram, principalmente, a falta de estímulos profissionais; 49,6% citaram gerenciamento ineficiente dos serviços; e 33,3 mencionaram instalações físicas inadequadas. Na sequência, alegaram dificuldade de acesso a equipamentos de diagnóstico (32,9%) e dificuldade de acesso a insumos e materiais (25,6%).

“Ao longo de 2024, buscamos compreender as questões que impactam diretamente a rotina de trabalho dos radiologistas. Ao reunir esses dados e percepções, o Atlas da Radiologia, que inclui essa pesquisa, oferece uma visão completa, auxiliando gestores e tomadores de decisão na formulação de políticas públicas mais eficazes”, pontua o presidente do CBR, Rubens Chojniak.

Fixação do especialista – Dos especialistas entrevistados, 90,2% afirmaram ter prestado serviços por meio da assistência suplementar nos últimos 12 meses. No SUS, esse índice foi de 60,2%. Esse item coloca em evidência um dos grandes desafios do SUS: atrair e manter o médico especialista.

Para melhorar o acesso à especialidade na rede pública, os entrevistados apontaram algumas ações que poderiam ser adotadas pelos gestores. Entre as principais indicações estão: remuneração compatível com a responsabilidade e preparo exigidos (87,6%), planos de cargos, carreiras e salários, com oportunidades reais de ascensão (77,5%) e contratação por concurso público (41,5%), refletindo a valorização da estabilidade e da meritocracia.

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